quinta-feira, 31 de julho de 2014

190 Jahre deutsche Einwanderung nach Brasilien



Palestra no dia 24.7.2014  por ocasião de 190 ano da imigração alemã no Brasil
                                      
                                          AMIG, Curitiba

                                        Eckhard E. Kupfer



Amanhã será comemorado o dia da imigração alemã para o Brasil. No dia 25 de julho de 1824 um grupo de alemães, oriundo das regiões do  Hunsrück, do Schleswig e de Mecklenburg, os quais segundo o historiador Martin Dreher eram em parte presidiários, se apresentaram no porto de Hamburgo em abril do mesmo ano, desembarcaram no porto de Rio Grande, e continuaram a sua longa e cansativa viagem até uma área ainda totalmente coberta de mato na beira do rio sinos. Teve um motivo clara de enviar estes imigrantes tão distante da capital Rio de Janeiro: nos dias que antecediam o 7 de setembro de 1822, após movimentos e pressões subversivas contra o príncipe Dom Pedro I., o seu governo liderado pelo Ministro José Bonifácio reuniu-se com a princesa Leopoldina de Habsburgo, esposa de Dom Pedro. Os dois tomaram a decisão que a pressão de Portugal, exigindo um imediato retorno do Príncipe para Lisboa, não deveria ser cedido. Restou unicamente a declarar a independência de Portugal. Uma vez definido pelos responsáveis, um emissário foi enviado com uma carta para ser entregue ao Príncipe Pedro que estava visitando a província de São Paulo. Ai houve o famoso grito de Ipiranga.


Quando a nova administração do império chefiado pelo Ministro José Bonifácio se deu conta da responsabilidade, reconheceram logo que com a estrutura existente e principalmente com a quantidade de homens segurando as fronteiras, o pais correria sérios riscos na sua integridade. Nessa situação apareceu o Major Jorge Antônio von Schäffer, aventureiro alemão que viajava pelo mundo a serviço da Rússia e se tornou pessoa de confiança da princesa Leopoldina. O Ministro deu para ele a tarefa de recrutar na Europa atiradores com contratos de até seis anos, porem a maioria dos países, ainda se recuperando das batalhas de Napoleão, proibiram expressamente a contratação de seus cidadãos para este tipo de serviço. Schäffer sabia disto e ofereceu “ mundos e fundos “ como viagem paga, um lote de terra, subsidio em dinheiro durante os primeiros 2 anos, cavalos, bois, ovelhas em proporção de numero de membros da família, cidadania brasileira, liberdade religiosa e isenção de impostos por dez anos. Não foi difícil atrair pessoas, principalmente em regiões pobres e distantes dos grandes centros.

Seguindo do sonho de receber terra própria e construir uma vida mais promissor do que no velho continente embarcaram colonos de vários regiões de língua alemã,  para o Brasil. No dia 25 de julho  chegaram 43 pessoas  numa Feitoria e numa Estancia que posteriormente se chamou São Leopoldo. A partir dessa data o fluxo de chegada de imigrantes de língua alemã não parou mais, pelo menos até  1835. Em toda a província de Rio Grande do Sul estabeleceram-se pequenas comunidades que abriram as suas picadas e viviam principalmente da agricultura familiar. Artesões cuidaram do abastecimento das famílias com ferramentas, instrumentos e utensílios domésticos.

A partir de 1830 o parlamento pressionou o governo imperial de abdicar os projetos de colonização pelo modelo da pequena propriedade. Isto não significou que a imigração parou, porem não foram mais oferecidos os benefícios iniciais.Com o decreto No 514 de 1848 a responsabilidade foi transferida para as províncias.

A atividade  de propaganda iniciada pelo Major Schäffer se respaldou nos reinados  ou ducados  alemães como Baviera, Palatina, Baden, Schleswig e Mecklenburg de maneira, que nos primeiros 5 anos chegaram no Brasil mais de 2000 pessoas.
A primeira chegada de colonos em São Paulo aconteceu em 1827 em Santos. O grupo foi enviado do porto para o planalto à comarca de Santo Amaro, onde se encontraram abandonados por mais de um ano, por uma falta de comunicação entre o governo imperial e a capitania do estado. Somente após o inicio de uma greve de fome, as 246 famílias foram assentadas em 1829, um parte permaneceram no extremo sul da cidade, onde até hoje se encontram descendentes de 25 famílias no subúrbio chamado Colônia. Outros  foram encaminhados para Itapecerica, principalmente artesoes e famílias que já trouxeram bens próprios . Um grupo menor chegou em 1829 no município de Rio Negro, que naquela época pertencia ainda ao Estado de São Paulo. Pelo ponto de vista de hoje, pode ser considerado o primeiro assentamento de imigrantes alemães no estado de Paraná.

Numa segunda fase a partir de 1851 iniciaram-se vários movimentos da imigração alemã para o Brasil:  chegaram em Porto Alegre militares e ativistas do movimento de 1848 que fracassou na tentativa de modernizar os estados na Alemanha e tiveram que fugir. Estes experientes soldados e oficiais foram justamente contratados pela sua experiência no campo de batalha. O império teve que se preparar para os ataques dos Generais argentinos Oribe e Rosa. Os recém chegados foram chamados
pela população local: “ Os Brummers” O mais expoente foi Karl von Koseritz, posteriormente jornalista, editor de jornais e politico em Porto Alegre.
Uma outra fundação foi a colônia domínio Dona Francisca, que a filha de dom Pedro I. recebeu como dote por ocasião do seu casamento com o príncipe de Joinville. O procurador do príncipe, Leonce Aubé negociou com o Senador Hamburguês Christian Mathias Schröder do Hamburger Kolonialisationsverein von 1849 a venda de terra para ser loteada e assentada por imigrantes que tiveram condições de comprar os seus lotes.

Já no ano de 1846 o farmacêutico Dr. Hermann Otto Blumenau apareceu no vale de Itajaí, para inspecionar terras que serviam para uma colonização. Este primeira tentativa não teve muito êxito. Foram poucos alemães que se interessaram pela proposta do Dr. Blumenau. O Hamburger Kolonialisationsverein perdeu o interesse e Dr. Blumenau voltou sem apoio de fora uma segunda vez. Finalmente o governo do estado de Santa Catarina o ajudou na propaganda e o retorno foi impressionante. Chegaram pessoas até hoje reconhecidos como por exemplo o agrimensor Emil Odebrecht de Greifswald e o naturalista, Fritz Müller da Turíngia.

Nas épocas de 1850 até 1880 chegaram regularmente novos grupos de imigrantes alemães no Brasil, em media 15.000 por década, se espalhando principalmente no interior de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, embora que em 1859 o parlamento de Prússia tinha proclamado o decreto de Heydt, proibindo o aliciamento de imigração para o Brasil. Essa proibição foi causada pelos acontecimentos na fazenda de café Ibicaba no município de Cosmópolis do Senador Vergueiro no interior de São Paulo. O senador contratou por falta de mão de obra de escravos colonos nas diversas regiões da Alemanha, na Suiça e em Portugal, adiantando a passagem, e a sustentação durante o primeiro ano, além disso ofereceu um lote e uma moradia na fazenda, bem como as mudas de café. Com as coletas dos anos seguintes a divida deveria ser liquidado da forma que 50 % ficou com o dono da Fazenda e 50% com o colono. Teve trabalhadores que não se adaptaram e a divida aumentou de ano em ano. O plantador foi obrigado se abastecer na loja da fazenda, que não ofereceu sempre preços justos. Impedindo de deixar a Fazenda e censurada a correspondência, os colonos se queixaram e se consideraram escravos brancos, até um colono suíço, o professor de escola elementar Thomas Davatz conseguiu informar a embaixada no Rio de Janeiro que transmitiu o acontecimento para a Berna e  Berlim. Houve uma consulta formal ao governo brasileiro e os colonos puderam sair da fazendo se quiseram. Porem é interessante que essa proibição não alterou a atratividade de muitos alemães par escolher o Brasil como seu pais de destino. Estatisticas elaboradas por historioadores com Karl Fouquet estimaram que no decorrer do século XIX chegaram ca. de 300 000 imigrntes das regiões alemãs.

A imigração para o estado de Paraná foi diferente a que para os dois estados do sul, pois quando se formou o Estado de Paraná em 1853, os imigrantes de Rio Negro já tinham se estabelecida e tinha nascida já a primeiro geração de brasileiros-alemães. No livro do Pastor Wilhelm Fugmann “ Die Deutschen in Paraná “, o ferreiro Michael Müller esta registrado que se casou com a Anna Krantz em 1833 em Curitiba. A partir de 1836 se registra as famílias Krantz e Ploetz e a partir de 1838 as famílias Pichete, Stresser. Porem se não pode considerar essa vinda de alemães como uma típica imigração organizada como houve para Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Uma boa parte dos primeiros cidadãos alemães em Curitiba se mudou ou de Rio Negro ou de Joinville para a cidade no planalto paranaense, devido as melhores condições de trabalho ou em caso dos vindos de Joinville, fugindo do clima tropical e húmido que causou naquela época doenças e até epidemias.

A vinda de alemães para Paraná aumentou consideravelmente a partir dos anos de 1853, devido as melhores condições climáticas, a terra mais fértil do que no nível do mar. O Pastor Fugman dividiu a imigração ao estado da seguinte forma:

1829 imigração para Rio Negro
1850 mudança de alemães de Dna. Francisco para Planalto
1877-79 imigração dos alemães do região Wolga na Russia
1908-1913 imigração direta ao interior do estado
A partir de 1919 continuação da imigração direta,

No inicio do século encontra-se alemães em municípios como Ponto Grossa, Lapa, Palmeira e Iraty.

Passaria o tempo dessa apresentação, se eu entrasse detalhadamente em todos os grupos chamados alemães que chegaram no estado de Paraná, devido ao origem tão diferente. A única caraterística  que os uniu foi o idioma alemã, porem as vezes expressados mais como dialeto. Os imigrantes da Volga tanto como os Menonitas de Witmarsum se comunicam num dialeto que é dificilmente a entender por um alemã que não é do norte. Os suebios do Danúbio de Entre Rios perto de Guarapuava mantem até hoje um dialeto próprio que nem é mais usado na Alemanha. Alias a forma mais particular é o dialeto dos pomeranos no Brasil, imigrantes que vieram do extremo norte-leste da então Alemanha, uma região que pertence desde a segunda guerra mundial a Polônia, devido isto  o dialeto se perdeu, enquanto se manteve no Brasil, onde e reconhecido pelo congresso como um idioma oficial de minorias. Há imigrantes pomeranos na Santa Catarina, mais conhecido na cidade de Pomerode, e há outros no interior de Espirito Santo, na cidade de Jetibá ( 1859) onde eles vivem relativamente isolado de agricultura e plantação de café.

Imigrantes diferentes chegaram no Brasil a partir dos anos de 1930, fugindo do estado nazista, tanto alemães que se opunham do movimento, como descendentes judeus que temiam ser perseguidas que posteriormente se tornou uma realidade horrorosa, compraram terra no nordeste de Paraná e iniciaram uma nova vida como fazendeiros de café e grãos, mais conhecido é até hoje o município de Rolândia na região de Londrina.

Chegamos a conclusão e mediante disto a analise:

o que os imigrantes alemães vindos no século XIX e no inicio do século XX trouxeram de benefícios para o Brasil? Antes da entrada das primeiras famílias de alemães, a terra brasileira pertencia predominantemente a coroa e foi distribuída  a quem ofereceu serviço ou favores. Eram certamente os portugueses ou os filhos deles nascidos já no Brasil. Dominavam grandes lati fundias e utilizaram o serviço de escravos para mantê-las. Os colonos vindos da Europa não conheceram este tipo de cultivar a terra, se fossem de famílias de agricultores aprenderam já desde a infância de ajudar e trabalhar na roça. Consequentemente logo após a chegada começaram desmatar e preparar a terra disponível, para garantir a próprio sobrevivência. Tendo sucesso nessa tarefa, iniciaram a venda dos seus próprios produtos. Os artesãos abasteceram os com ferramentas, carroças e utensílios domésticos. Alguns entraram direto no comercio de intermediar a compra e venda de produtos agrícolas e mantimentos para os colonos. Muitas vezes as pequenas aldeias tornaram-se em pouco tempo autárquico. A maioria dos colonos foi acompanhado de sacerdotes sejam católicos ou luteranos, que prestaram até serviço de ensino, e isto foi a verdadeira revolução no Brasil, o ensino fundamental dos filhos dos trabalhadores.

Até as grandes guerras do século XX, nos quais o Brasil foi somente perifericamente envolvido, a maioria das comunidades assentadas, principalmente no interior, procurou se manter entre si, vivendo na cultura do pais paterno. Mesmo nas grandes cidades como Porto Alegre, Curitiba e São Paulo, as comunidades de origem alemã viveram entre si, em clubes, escolas, igrejas, restaurantes até o comercio foi frequentado nos círculos de língua alemã. As pessoas que se casaram com outras etnias foram vistos com reservas, pelo menos. A grande mudança aconteceu com a politica da nacionalização a partir de 1938. As novas leis atingiram primeiro as escolas, depois os clubes e igrejas e a partir de 1942 o uso do idioma alemã foi proibido, com a ameaça de ser preso e colocado em campos de prisioneiros de guerra. Mesmo que a partir de 1945 e principalmente a partir de 1950 as relações brasileiras e alemães se normalizaram, a separação étnica que foi mantido em muitas regiões do sul do pais por mais de 100 anos, hoje em dia não existe mais. Quem se beneficiou foi o Brasil mesmo, pois os costumes e valores que os imigrantes trouxeram de seus países e regiões europeus, foram absorvidos por muitas famílias brasileiras e fazem hoje em dia parte da vida brasileira.      

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